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Entre o começo e o fim...

Porque a vida não acaba quando o cancro começa... Simplesmente recomeça...

Entre o começo e o fim...

Porque a vida não acaba quando o cancro começa... Simplesmente recomeça...

13.09.19

Um ano depois...


Cristina Ferreira

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Sim já passou um ano! Um ano após a cirurgia que mudou para sempre a minha vida... Não, isto não vai ser um desabafo negativista, pelo contrário! O último ano passou a voar, mas todas as mudanças foram positivas. Muito positivas! Um ano depois só me apetece dizer: "Estou viva!" Viva, verdadeiramente viva. Agradecida, grata, viva... E não só viva por fora, principalmente viva "por dentro" (se é que isso se pode dizer...)

Mudei. Mudei para melhor, penso eu. Já não exijo tanto da vida. Nem da vida, nem de mim. Aceito o que vem, aceito que nada é totalmente perfeito. Fiquei menos exigente, dou mais atenção às pequenas coisas, às boas pequenas coisas da vida... Vivo. Simplesmente: vivo. Um dia após o outro: vivo. Dou mais tempo a mim e para mim.

Tratamentos? Continuo a ir mensalmente ao IPO. Tomo o Tamoxifeno, a "famosa pílula cor-de rosa" e o Zoladex, "malfadada injeção".

Efeitos secundários? Inicialmente cansaço, alguns enjoos, poucas tonturas e esporadicamente alguns calores. Sim, as primeiras injeções do Zoladex foram terríveis... Um ano depois? Bom, o que tem de ser tem de ser e até ao Zoladex já me acostumei... Análises e consultas a cada 3 meses e ultimo diagnóstico: está tudo ok!

Engordei uns 2 ou 3 quilos... Confesso que controlo atentamente o peso: três dias sem correr e a barriga começa a inchar! Todos os cuidados com a alimentação são poucos e todos os dias são dias de exercício físico (se antes já o eram, confesso que agora a obsessão é bem maior!) O que engordei está principalmente na barriga... É assutador e deprimente, é verdade, mas isso significa apenas que ainda cá estou e que ainda tenho barriga!

O braço? Impecável... Tive muita sorte: como não foram retirados gânglios, está tudo a funcionar impecavelmente e como antes... Sim, de vez em quando sinto picadas e a pele a esticar... Exercio físico e yoga ajudam: aprendi que ficar parada faz doer mais do que manter-me em movimento.

A cicatriz? Bom guardei a pior parte para o fim: sim foi muito difícil de aceitar. Até que um dia simplesmente desisti... Não conseguindo aceitá-la, decidi escondê-la. Comprei braletes para a noite, soutiens "aldrabados" para o dia... Aprendi a ignorá-la... Não olho para a ela. Trato-a, cuido-a, hidrato-a, massajo-a. Dou-lhe tudo o que ela exije para ser "saudável", isto é: basicamente visto-me e ignoro-a... Vejo-a como uma marca de guerra que simplesmente não preciso constantemente lembrar.

Conselhos? Vigiem... O cancro da mama apanha-nos desprevenidas... Não acontece só às outras, aconteceu-me a mim... Vigiem: quanto mais cedo for detetado, mais simples será de tratar...