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Entre o começo e o fim...

Porque a vida não acaba quando o cancro começa... Simplesmente recomeça...

Entre o começo e o fim...

Porque a vida não acaba quando o cancro começa... Simplesmente recomeça...

06.09.18

E finalmente fui convocada...

Cristina Ferreira
    Sim desta vez é oficial: finalmente fui convocada! Uma senhora com voz simpática e paciente ligou-me do IPO convocando-me para os próximos procedimentos...   Deverei apresentar-me, no IPO, no dia 10 de setembro pelas 8h30 da manhã. Deverei chegar em jejum pois, para o primeiro procedimento do dia, ser-me-á solicitado o meu sangue para analise... Em seguida, serei momentaneamente libertada para ir tomar um merecido pequeno almoço. Após essa ilusória e curta pausa, (...)
05.09.18

Lotaria macabra...

Cristina Ferreira
    Primeiro vem o medo. Chega de repente, entra de rompante e vem de mão dada com o pânico. Depois sorrateiramente entra a culpa que vasculha minuciosamente na minha história de vida... "Que terei eu feito de errado para merecer isto...?" Informo-me, pesquiso... A necessidade doentia de justificação que sinto crescer dentro de mim sufoca-me...   Os dias passam e, finalmente, compreendo que... NADA! Simplesmente nada posso fazer para mudar isto, simplesmente nada fiz para merecer (...)
04.09.18

Porquê eu?

Cristina Ferreira
    Apesar do tempo que já passou desde o início desta história, apesar do tempo que já passou desde a suspeita criada pela primeira consulta e confirmada pela primeira ecografia, às vezes ainda não consigo acreditar... Ainda me pergunto porquê... Leio e releio todos os grupos de risco e não me enquadro em nenhum... Simplesmente não é possível isto estar a acontecer-me a mim! A mim?!? Logo a mim?!? Continuo a sentir, de forma total e conscientemente absurda e pueril, que (...)
31.08.18

Estranho desfilar de pensamentos...

Cristina Ferreira
    Estava eu para aqui pensando que sou uma pessoa dinâmica por natureza e que sempre tive alguma dificuldade em lidar com tempos mortos...     O que mais me assusta numa situação de pós-cirurgia? Bom é verdade que obviamente me preocupam todos os efeitos secundários, físicos e/ou psicológicos, que poderão eventualmente surgir... Mas confesso que o que mais me aterroriza mesmo é o ficar parada. Sim: o ficar parada!   Dizem-me que levará algum tempo a recuperar o (...)
30.08.18

O certo e o errado...

Cristina Ferreira
      "Vou tomar outro café!" disse a Márcia levantando-se e dirigindo-se para a porta. Ela trabalha comigo há pouco mais de um mês. É jovem, saiu agora da faculdade e este é o seu primeiro emprego. "Outro?" Respondi eu surpreendida. "Mas afinal quantos cafés é que tu tomas por dia?" "No mínimo uns 4 ou 5... Senão não me consigo aguentar! Comecei na faculdade... Era muito trabalho..."    Instintivamente surgiram na minha mente os meus habituais conselhos maternais: "Ain (...)
29.08.18

Um vulto na multidão...

Cristina Ferreira
    Gosto de multidões. Transformam-me num minúsculo e insignificante vulto. No meio da multidão, sou apenas mais um vulto  por entre os vultos que se cruzam de forma aleatória, invisível e insignificante.   No meio da multidão, sou apenas mais um vulto por entre um amontoado de minúsculos e insignificantes vultos que, incessantemente se movem de um lado para o outro, sem aparente destino, objetivo ou direção...   No meio da multidão, sou envolvida por uma estranha (...)
28.08.18

A viagem...

Cristina Ferreira
      Sento-me junto à janela. Encantada, observo a paisagem. Lá em baixo, tudo pequeno e distante, lindo e insignificante. Súbita e inesperadamente, sou invadida por uma estranha leveza. Tranquila e serena, fecho os olhos entregando-me ao embalar suave do balançar do avião...   Saboreio antecipadamente a pausa. Afasto-me. A minha vida fica a aguardar lá em baixo.  Pausa. Sou absorvida pelas nuvens brancas, brancas como puro algodão... Distraio-me... Observo-as imaginando (...)
15.08.18

Planos...

Cristina Ferreira
    Leu-me uma frase que encontrara por acaso: -"Quem morreu ontem, tinha planos para hoje... Quem morreu esta manhã, tinha planos para hoje à tarde..." Senti as lágrimas nos olhos: "Bolas! Eu tenho mesmo cancro! Se eu não fizer nada (e por nada penso na horrenda cirurgia que ainda não tem data marcada) não vou ter tempo para realizar os meus planos..." Levantei-me e fui ao encontro do seu abraço... "Tenho medo... Tenho tanto medo..."  E chorei... Chorei enroscada no seu (...)
13.08.18

Urgente: encontrar o culpado!

Cristina Ferreira
    Após um diagnóstico de cancro da mama, a palavra de ordem é encontrar o culpado! Que teria eu feito de errado no passado para merecer isto? Dei voltas e voltas... E acabei por me render... Há perguntas que simplesmente não têm resposta... Há coisas que simplesmente acontecem sem razão lógica para acontecer... Há coisas que simplesmente não dependem de mim... Há coisas que simplesmente eu não posso controlar...